Eles estão lotando os bares pelo Brasil para torcer. E não é por time de futebol
- stockingokumura
- 18 de jan. de 2017
- 4 min de leitura
E muito menos basquete, vôlei, NFL, MMA... É por equipes de esportes eletrônicos. Locais lucram com exibição de jogos de e-sport: "Está sendo positivo", diz empresário
A febre dos esportes eletrônicos está fazendo brotar oportunidades de negócios em diversas áreas. E não só no setor de alta tecnologia. Inspirados no sucesso de público do futebol e outras modalidades para lá de tradicionais, os empresários da vida noturna enxergaram na paixão pelas organizações de e-sports um vácuo valioso para empreender. Em diversas capitais do Brasil já é possível encontrar estabelecimentos voltados exclusivamente para a transmissão ao vivo de jogos competitivos dos esportes eletrônicos. Entre os mais comuns na pauta desses locais estão as partidas de League of Legends, Counter-Strike e DotA 2.

São Paulo aparece de novo como protagonista. Capital do esporte eletrônico brasileiro, não à toa a cidade tem o maior número de estabelecimentos voltados exclusivamente à exibição de partidas do ramo. Localizado no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo, o Stomp Bar é um desses locais. Inaugurado no segundo semestre do ano passado, o estabelecimento tem capacidade para cerca de 150 pessoas. A pauta dos telões, claro, não é tema de debate. Só esporte eletrônico. Prova do sucesso é a necessidade de venda de ingressos em jogos com maior apelo para evitar superlotação da casa - que funciona quatro dias todas as semanas.
- Foi no feeling (a decisão de investir nessa área). Sempre gostei de esporte eletrônico. Montei o projeto e achei investidores dispostos a apostar nessa ideia. Achamos que ia demorar um pouco para a galera pegar a nossa proposta. Mas foi bem rápido. Está sendo positivo. Estamos aprendendo e crescendo com a comunidade - contou Dudu Klemp, um dos proprietários.

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As organizações também enxergaram uma oportunidade de ampliação de receita. Vice-campeã do Campeonato Brasileiro de League of Legends (CBLoL) e um dos mais tradicionais clubes de e-sports do país, a CNB inaugurou a sua arena em 2016, com capacidade para até 150 pessoas. Embora esteja incrustada na sede da equipe, no Jardim Brasil, a proposta é receber torcedores de todos os times. A próxima temporada completa do CBLoL será transmitida nos telões do local. A expectativa é receber 15 mil pessoas durante o ano. Os ingressos variam de R$ 30 (rodada) até R$ 400 (temporada completa).
- Esse projeto é um sonho nosso que estamos conseguindo colocar em prática. Nós queremos ver a CNB alçando voos cada vez maiores, mas também pensamos no e-sport como um todo. Resolvemos investir na arena e na transmissão de jogos de todos os times para criarmos um ambiente diferenciado para todos os fãs dos jogos eletrônicos - afirmou Carlos Fonseca, um dos sócios fundadores da equipe.

NO CORAÇÃO DA VIDA NOTURNA CARIOCA
O estado do Rio de Janeiro também é outro polo de atenção desses empresários. Ainda que não exista um local todo dedicado ao esporte eletrônico, alguns estabelecimentos "mudam a roupa" em ocasiões especiais - como finais de campeonatos importantes e jogos concorridos. Um dos eventos mais frequentados é realizado no La Esquina, localizado na Lapa, berço da boemia carioca. É lá que um dos empresários da cena, André Windsor, de 28 anos, realiza os chamados "Pub of Legends", voltados para transmissão das partidas. O local já recebeu mais de 500 pessoas em datas mais concorridas.
- Eu comecei a enxergar outros empresários aqui no Rio de Janeiro fazendo o mesmo. Hoje me dedico exclusivamente a isso. Inclusive temos apoio da Riot (desenvolvedora do League of Legends). Nós identificamos os eventos importantes e procuramos parcerias com os estabelecimentos. Este ano vamos transmitir toda a temporada (de LoL) em dois bares do Rio de Janeiro: no Destemidos, em Botafogo, e também no Burguer Bar, na Freguesia. Espero um dia ter capital para ter um espaço exclusivo para o esporte eletrônico - disse André.

O modelo do projeto atraiu empresários de outras cidades do Rio de Janeiro. O CBLoL será também transmitido em cidades como Cabo Frio e Campos dos Goytacazes em 2017. Petrópolis é outro município que deve receber o esporte eletrônico em sua vida noturna nos próximos meses da temporada.
DO MMA AO E-SPORT NO SUL
Inaugurado em janeiro de 2013 no Rio Grande do Sul, o Nexus Bar nem sempre teve esse nome e área de atuação. Nos primórdios, o local era todo voltado para artes marciais, sobretudo o MMA. Os eventos da modalidade que vivia uma explosão era o foco do estabelecimento. Porém, esse verdadeiro tsunami de mídia foi engolido por outro. Os empresários perceberam que os esportes eletrônicos - que eram uma espécie de produto secundário - estavam atraindo um público ainda maior. E decidiram mudar tudo. Conclusão? Bem, tiveram que se mudar. Migraram de um espaço para 80 pessoas para outro com o triplo da capacidade.
- Éramos um bar temático de artes marciais. No caminho, apostei em uma final de CBLoL. Deu muito certo, até mais que o MMA. Resolvemos apostar em definitivo. Logo de cara, nosso antigo espaço dava filas. Uma vez com 800 pessoas. Optamos por migrar para um espaço maior perto. É um público muito respeitoso. E não tinham para onde sair para assistir às partidas. O esporte eletrônico é maravilhoso. O poder de alcance é muito grande. Estou realizado como pessoa, já que sou um fissurado por games, e como empresário - revelou o empresário gaúcho Eduardo Affe, que hoje emprega 15 funcionários em seu empreendimento.

O SporTV 3 e o SporTV.com vão transmitir a temporada do CBLoL 2017. A competição começa no próximo sábado. Ao vivo, às 13h (de Brasília), um clássico. Equipe com os maiores reforços, a Keyd Stars enfrenta a Pain Gaming. Estreia de Gabriel "Revolta" e Felipe "Yang" pela Keyd. O dia também terá, às 15h, INTZ x CNB. No domingo, às 13h, Operation Kino pega a Kabum. Em seguida, 15h, Felipe "brTT" estreia na Red Canids diante da Remo Brave. Fonte : sportv.globo
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