/dev: Sobre ganchos de história
- stockingokumura
- 26 de out. de 2016
- 6 min de leitura

As coisas que deixamos para trás: ganchos narrativos em universos de larga escala. Muitos de nós, e eu me incluo nessa, podemos ser obsessivos com o que amamos no universo nerd - e isso pode ser LoL, Star Wars, Forgotten Realms, 40K, WoW, Harry Potter, universo Marvel ou qualquer outra coisa. Todos esses universos são enormes e extremamente ricos, com histórias e personagens que amamos (ou adoramos odiar). Vou falar por mim: quando me interesso por universos assim, eu realmente me deixo envolver.
E tenho certeza que muitos de você se identificam com isso.

Descendo a toca do coelho
Acredito que boa parte do amor que temos por esses universos é porque quanto mais mergulhamos, mais há para ser descoberto. O sentimento de poder ir cada vez mais fundo na toca do coelho e ainda assim não conhecer tudo é uma das coisas que me faz voltar sempre. Sempre que mergulho de cabeça, encontro ganchos mais interessantes, mais dicas sobre a história e seus eventos, espiadas em estranhas criaturas ou fragmentos de histórias anteriores que fazem minha imaginação voar. Esses universos costumam ser vívidos, suas histórias continuam sendo desenvolvidas em jogos, quadrinhos, livros, filmes, séries de televisão e coisas do tipo. A satisfação de finalmente ver ganchos, ideias e fragmentos de histórias que você sempre conheceu é muito boa. Existem situações onde isso não passa de uma frase qualquer, mas nós, que somos fãs, vamos nos agarrarar nisso, começar a especular, pensar no que ela pode significar e ficar extremamente felizes (se a nossa expectativa for correspondida) quando ela se tornar algo real.

É mais ou menos o que eu senti quando finalmente soube que raios era a Guerra dos Clones, muito tempo depois de ela ter sido mencionada pela primeira vez em Uma Nova Esperança (que antes a galera chamava somente de Guerra Nas Estrelas...), ou que uma série inteira de livros seria lançada com foco na Heresia de Horus, uma era do universo 40K que acreditava-se não passar de lenda ou mito.
Parte disso é aquele momento extramamente satisfatório, quando você está na mesma página dos escritores ou criadores - você entende a piada, pega as referências e entende o real significado de tudo que está acontecendo. É aquele sentimento de ver a cena pós créditos e pensar que aquele personagem pode aparecer no próximo filme, ou entender completamente de quem estão falando, ou o que aquela cena poderia significar, sem a necessidade de virar para a pessoa do seu lado e perguntar: “Quem é aquele?”. É divertido e satisfatório brincar e explorar as pontas soltas, afinal, se tudo está amarrado, não existe muita coisa para nos trazer de volta. Agora, em uma história sendo contada como narrativa única, isso não é necessariamente uma coisa ruim. O autor, escritor ou criador dá apenas os detalhes que você precisa saber, num ritmo que faz sentido para a história. Por exemplo, saber quais integrantes da equipe são Cyclons, no início de Battlestar Galactica, eliminaria toda a tensão, e saber a origem do nome do Hodor acabaria totalmente com o impacto daquela cena.

Histórias periféricas
As coisas funcionam de maneira diferente em um grande universo narrativo. Isso significa um universo que possui infinitas histórias em potencial que podem ser contadas através de diversas mídias diferentes (como jogos, quadrinhos, livros etc...), e não apenas por meio de uma única narrativa.
Aqui vai um exemplo de cada: pense no universo de Harry Potter (narrativa única) e no universo Marvel (diversas histórias, algumas podendo, inclusive, ser recontadas e reimaginadas). A maneira que desenvolvemos League of Legends se encaixa bastante na segunda categoria. É mais focada no univero e nos personagens do que num enredo central, e isso significa que pode existir uma coleção infinita de histórias a serem contadas. Podem haver enredos maiores que conectam muitos personagens e regiões (como as Joias do Infinito, do Marvel Cinematic Universe, por exemplo), mas são os personagens que estão no centro das histórias. Em um universo grande narrativo, ter vários ganchos é uma coisa muito boa.

Para escritores, ganchos que já foram apresentados e histórias são como um presente, já que eles proporcionam una sequências de oportunidades de narrativa. Eles podem fornecer aquela inspiração que vira o pedaço de um diálogo ou um conto, mas que também pode se transformar em coisas incríveis como fan-fics, ou até mesmo dar início a uma épica série de livros.
Cada pedacinho de história ou gancho pode formar a base para uma possível nova trama. Alguns desses ganchos podem ser explorados em um formato apropriado, enquanto outros grandes segredos podem ser guardados e revelados de uma maneira dramática - outros podem nunca ser resolvidos, seja por qual motivo (e isso é aceitável contanto que a história do personagem não dependa desse gancho).
Para o público, explorar ganchos é uma oportunidade de especulação, de enxergar eventos que levarão a coisas muito maiores, ou até mesmo de entender que existe uma história muito mais rica e profunda. Eles podem sugerir que existe um mundo muito maior lá fora - um mundo cheio de histórias, pronto para ser descoberto. Por fim, eles também permitem que o público diga quais ganhos eles gostariam que fossem desenvolvidos, dando aos criadores uma ideia melhor de onde eles deveriam focar.

O mais importante, no entanto, é evitar criar frustrações ao criar milhares de ganchos que nunca são desenvolvidos ou explorados. Esse tipo de coisa é irritante e pode ter um efeito ruim para a história, e não só para o público, mas para o universo narrativo como um todo. Isso dá a sensação de que não existe nada por trás de todas aquelas dicas e nós - não passa de uma profundidade vazia, sem substância alguma. Então, o segredo é criar vários ganchos sem deixá-los esquecidos por muito tempo, sem acompanhamento - principalmente quando o gancho envolve suspense. Quando ganchos são deixados de lado, o público começa a sentir que a história nunca vai voltar a explorar aquilo, e isso faz com que o universo fique estático, como se nada tivesse sendo desenvolvido e aquelas informações irresistíveis jamais serão explicadas.
Ganchos em League Durante o último ano, começamos a nos esforçar para colocar cada vez mais ganhos em nossa história, mas sem deixar de começar a explorar outros ganchos que estão entre nós há tempos e acabaram sendo esquecidos (a gente sabe que não são poucos).
Muitos desses ganchos começaram a aparecer nas biografias dos novos Campeões, e eles vêm acompanhados de histórias, dublagens especiais, contos, animações e coisas do tipo. Planejamos explorar muitos desses ganchos enquanto apresentamos outros que estão prontos para ser usados (ou não) por qualquer um que se sinta inspirado pela oportunidade que eles fornecem. Ao mesmo tempo, queremos começar a resolver e explorar alguns dos enredos e ganchos que foram deixados de lado. Por exemplo, em Marés Ardentes: O Acerto de Contas, vimos a história de Twisted Fate e Graves evoluir, colocando-os em um novo estágio do seu relacionamento.
Também descobrimos quem matou os pais de Miss Fortune quando ela era uma criança, informação que só tinha sido abordada por cima, e também vimos sua vingança ser realizada. O restante da história foi desenvolvido em Sombra e Fortuna. E embora esses ganchos estivessem sendo resolvidos, novos foram apresentados, e poderiam levar a novas histórias.
De maneira parecida, histórias como O Pássaro e o Galho e Descendentes jogaram a linha do tempo para frente, e começaram a apresentar conflitos em Shurima ao mesmo tempo que desenvolveram nossa percepção do mundo. Enquanto isso, a história do que o Rei Destruído fez para criar a Ilha das Sombras foi contada lentamente nas biografias de Campeões da Ilha das Sombras, como Kalista e Hecarim, e no poema O Lamento do Príncipe.

Claro que ainda temos um longo caminho pela frente e existem MUITOS ganchos que não vemos a hora de explorar e desenvolver (Quem o “C” misterioso que Caitlyn persegue? Onde estão os outros Darkin? Quem vai vencer a grande guerra civil de Freljord? O que vai acontecer quando Diana e Leona se enfrentarem? Será que Illaoi e Gangplank vão fazer as pazes? Renekton conseguirá passar por cima da sua insanidade e se impedir de matar Nasus, seu irmão? Qual é o principal objetivo de LeBlanc? E MEU DEUS, o que aconteceria se Ezreal beijasse a perna da Shyvana? E por aí vai...).
Seria meio triste se todos os ganchos fossem resolvidos. Como disse antes, uma das coisas que sempre me faz voltar nos meus universos favoritos são as novas coisas a serem descobertas. Nós queremos encontrar o equilíbrio perfeito entre resolver mistérios e avançar algumas histórias.
Muitos dos grandes mistérios e ganchos serão resolvidos, e não posso esperar para descobrir o que vai acontecer e o que eles podem causar. Queremos muito que nossa história siga adiante. Não queremos que Runeterra seja um lugar parado. Alguns ganchos não serão explorados até o momento certo chegar, assim acabaríamos estragando alguns momentos muito bacanas, e alguns outros ficarão na geladeira por mais um tempo - nós (e vocês) sempre podemos voltar neles e explorá-los cada vez mais. O universo de League of Legends é um lugar ENORME, com muitos personagens sensacionais, e temos muitas histórias para contar...
Fonte : League of Legends
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